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segunda-feira, 13 de novembro de 2017

O QUE DIZ O PÚBLICO: Luz em Einstein





              O QUE  DIZ O PÚBLICO: Luz em Einstein


          Por: Lino Fernando Bragança Peres ( Professor da UFSC  Vereador em Florianópolis)


"Luz em Einstein": bela reflexão para o tempo que vivemos Foi uma grande oportunidade assistir ao espetáculo “Luz em Einstein”, com o Grupo Teatro Novo e texto e direção de Carmen Fossari, na sexta passada, 10/11, no auditório Guarapuvu da UFSC, que buscou penetrar na vida do Prêmio Nobel da Física que impactou o mundo com sua Teoria da Relatividade.
A nossa Carmem Fossari, sempre alerta e crítica a todas as formas de opressão e com o radar dirigido para a liberdade, apresentou sua peça em colaboração com vários integrantes ligados à UFSC. O espetáculo nos faz refletir sobre os limites entre ética e ciência, a intolerância, o fascismo e o respeito intransigente à liberdade de expressão e pensamento.
É muito oportuna essa obra no atual período sombrio em que o Estado de Exceção vai penetrando no tecido social e aprisionando mentes e corações, mas não sem luta, resistência e enfrentamento. São cortantes e proféticos os encontros entre vários Einsteins em três diferentes idades e em diversas cidades europeias em que trabalhou e morou; o jogo do tempo narrativo que vai até sua morte e retorna à sua fase jovem com Mileva; os debates com os pensadores e cientistas conhecidos à época e que se eternizaram, como Max Planck, Marie Curie e outros; as relações epistolares entre Einstein e Freud; o encontro de Einstein com Charles Chaplin nos Estados Unidos; os amores no tempo de cumplicidade do grande físico com as companheiras Mileva e Elsa e os lados pouco conhecidos do físico como músico, velejador e humanista. Outro destaque é o belíssimo G Menor de J. S. Bach, que enfatiza a ambiência que a peça de teatro em si já tem.
“Luz em Einstein” percorre as contradições entre as certezas da ciência e sua solidão diante de questões que ela levanta e que podem ser mal interpretadas, como foi a construção da bomba nuclear, associada indevidamente a Einstein, e seu uso terrível e liberado pelos senhores da guerra, a partir do Projeto Manhattan.
A peça remete ao tema da intolerância política e étnica que levou ao fascismo europeu nos anos anteriores à Segunda Guerra Mundial e que hoje retorna no Brasil e no cenário mundial em formas ainda mais sofisticadas, representando um profundo recuo civilizatório.
Por isso, a homenagem, nos créditos finais, ao Reitor Luis Carlos Cancellier, vítima do Estado de Exceção, toca profundamente. É importante lembrar que esta referência a Cancellier deu-se no mesmo espaço em que se realizou o velório dele sob forma de homenagem de despedida com discursos que emocionaram, como o do professor de Direito da UFSC, desembargador do TJ-SC, Lédio Rosa de Andrade, amigo de infância do Cau, como era conhecido. Sentenciou o professor uma afirmação que ecoou pelo auditório lotado: “Os fascistas estão de volta. Temos que pará-los”. Este grito junta-se ao que a peça de Fossari também transmite e ensina: que a história dos desenganos e da barbárie pode voltar.
“Luz em Einstein”, ao longo de sua narrativa e principalmente ao final, nos dá uma luz de esperança: a liberdade como bem maior não pode ser apagada por qualquer tipo de totalitarismo.



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